segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

DEZEMBRO 2010

DECOLORES

BOLETIM INFORMATIVO DO
MOVIMENTO DE CURSILHOS DE CRISTANDADE
ARQUIDIOCESE DE SÃO SALVADOR – BAHIA


EDITORIAL

               Irmãos e irmãs em Cristo,
                Estamos às vésperas do Natal, quando a Igreja nos convoca a um viver novo, para ajudar nosso Deus a criar o tempo messiânico tão sonhado por Ele e apregoado pelo profeta Isaías no capítulo 11 quando lobo e cordeiro viverão juntos, o leão se alimentará de pastagem como o boi, a vaca e o urso pastarão juntos e a terra ficará cheia do conhecimento do Senhor.
                Não podemos frustrar Seu projeto; dois mil e dez anos se passaram! Somos hoje os protagonistas da história de salvação de nosso tempo.
                Os desafios são muito grandes, mas o compromisso com a nossa fé deve ser muito maior.
                Coloquemo-nos à disposição do Senhor para que Ele possa nos colocar em qualquer ambiente, sendo para Ele e para o mundo um verdadeiro símbolo de Natal. Unamo-nos irmãos decolores, o Senhor está a esperar nossa resposta de amor!      
                 Levemos o fermento do Evangelho a todos os ambientes e como a estrela de Belém apontemos o caminho para todos os irmãos chegarem a Cristo Jesus.

Um Santo e Feliz Natal!

Lygia Fialho
Coordenadora do GED SALVADOR


ELE ARMOU SUA TENDA ENTRE NÓS
                                                                                  Frei Rufino Pinheiro, OFMCap
Diretor Espiritual do MCC Salvador

            Há mais de dois mil anos uma criança veio habitar em nosso meio. Este foi o grande anúncio: “Hoje, na  cidade  de Davi, nasceu para vocês um Salvador” (Lc 2, 11). A alegria foi tanta que não cessaram de glorificar o Deus da vida e da história. “Gloria a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens por ele amados” (Lc 2, 14).

            Celebrar o natal é, essencialmente, tempo de recordar “passar novamente” (re) pelo coração (cor) o Deus que se encarna na nossa história, fazendo-se solidário para com todos os homens, assumindo a nossa condição de peregrinos neste mundo.

            Jesus traz a proposta de um mundo novo, movido por relações de amor e solidariedade. Natal é tempo de renovar as esperanças, de buscar alternativas em uma sociedade que parece não haver.

           Um novo direcionar da história é possível. Acredito que quando somos movidos por um grande, nobre e sincero sentimento de amor, somos capazes de transportar realidades que, aparentemente, são obstáculos, circunstâncias que nos impedem de sermos verdadeiramente felizes. O amor é mais forte do que todas as potências geradoras de infelicidade e de morte. A vida só encontra seu real sentido quando é movida por grandes sentimentos de ternura e amor. Ao contrário, seremos os mais infelizes de todos os homens.

           Natal é tempo de solidariedade para com todos os excluídos, que como o Cristo pobre, que não encontrou quem o acolhesse, vive na espera de um simples gesto de acolhimento. Natal é tempo de renovar as esperanças. “Portanto, não percam agora a coragem, prá qual está reservada uma grande recompensa. Vocês necessitam apenas de perseverança... Porque falta apenas um pouco... Nós não somos como aqueles que voltam atrás” (Hb 10, 35-39).

          Que essas virtudes  não  faltem  em  suas  vidas:  A  coragem,  a  perseverança e a paciência. Temos um objetivo  a ser conquistado. Corramos com  todos os nossos esforços  para  alcançá-lo. Sejamos  persistentes!  Fixemos  o  nosso  olhar  em  Cristo,  pois  é  nele que  se encontra a plena realização de toda pessoa humana.

            Lembrem-se:  Os  sonhos  de  hoje  serão  realidades  amanhã”.  Jesus   quer  nascer  em  nossas  vidas. Não  o “abortemos”!  Que nosso  coração seja a verdadeira morada  daquele que  é  a  genuína  felicidade.

ANIVERSARIANTES

               Parabéns aos aniversariantes do mês de dezembro. Festejam juntos com Jesus  a data natalícia.  Feliz idade  e  Deus lhes abençoe. São votos do  GED  SALVADOR:
               Dia 01 – Maria Lúcia Liguori, dia 02 – Ricardo Libório, dia 03 – Ney Gonçalves de  Souza, dia 14 – Zizi Gonçalves,  dia 16 Brasília  Faro,  dia 17 Vanessa  Lemos  dos  Santos,   Eugenia Lavigne e Ruth Carvalho, dia 21 – AITA – Carleita de Souza Galvão, dia 25 – Lúcia Seixas, dia 26  Tate  Jansen,  dia 29 – THATA - Catharina P. de Freitas Fontes.


Palavra do Amigo
Pe Paiva, SJ
              Meu mês de dezembro nunca foi sossegado, para interiorizar e fazer um bom Advento. Sempre foi tempo de encerrar o ano letivo.  Precisei crescer para compreender como são belas as quatro semanas em que a Igreja, Mãe e Mestra, prepara-nos para a festa do Natal do Salvador, Jesus! Hoje em dia, a bonita invenção da “Coroa do Advento” está ajudando famílias e comunidades e, às vezes, vizinhos de casas ou apartamentos, a viver o Advento! Você já arrumou a sua para celebrar esse tempo?
              Que maravilha a Novena do Natal! Na liturgia, ela é marcada por antífonas (refrões bíblico-litúrgicos) com títulos messiânicos de Nosso Senhor. Vale a pena recordar algumas:
“Ó Sabedoria, que saístes da boca do Altíssimo e atingis os confins de todo o universo, e com força e suavidade governais o mundo inteiro! Ó, vinde ensinar-nos o caminho da prudência!”
“Ó Adonai, guia da casa de Israel, que aparecestes a Moisés na sarça ardente e lhe destes vossa Lei sobre o Sinai, vinde salvar-nos com vosso  braço poderoso!”
“Ó, Emanuel, Deus conos, nosso Rei Legislador, Esperança das nações e dos povos, Salvador, vinde salvar-nos, ó Senhor e nosso Deus!”.
              Em outros tempos mais tranqüilos, o povo se reunia para participar das Vésperas. Os “Ós” do começo das antífonas ressoavam nos cantos, e Nossa Senhora do Parto ganhou o título de Nossa Senhora “do Ó”!
              Assim, os dias decisivos antes do Natal podem e devem ser passados em oração com Maria, Mãe de Jesus, mantendo firme o santo e formoso costume da Novena de Natal em todo cantinho do mundo fiel! Não tenho dúvidas de que, passando assim essas festas, cada um de nós estará animado na caridade a proclamar o Natal de Jesus, discípulo e missionário!

CARTA MCC BRASIL – DEZEMBRO/2010
             'Foi num deserto que o Senhor achou seu povo, num lugar de solidão desoladora; cercou-o de cuidados e carinhos e o guardou como a pupila dos seus olhos' (Deuteronômio 32,10).
             Meus amados no Senhor Jesus cujo nascimento, com doce expectativa, aguardamos:
             Desde logo não se assuste com uma citação bíblica feita neste tempo tão cheio de luzes como o Natal e, talvez, tão estranha como a que aí está tirada do livro do Deuteronômio (provavelmente do séc. V antes de Cristo). Espero que logo você me compreenda. Meus leitores já sabem que, como é natural, costumo direcionar nossas reflexões do mês de dezembro para o insondável mistério do Advento e do Natal que, juntamente com a Páscoa da Ressurreição, constitui-se no eixo fundante e na razão de nossa fé e marcam profundamente a história da salvação.
           Um tempo de espera.
              À espera de um nascimento sem bebê. Esta é a espera de uma  sociedade de consumo típica do nosso tempo, da nossa época em mudança. A cada ano, já por volta do final do mês de setembro, vou fixando mais minha atenção nos acontecimentos, na publicidade da mídia, na insistência desmedida e calculada para a venda dos tais 'produtos de natal', de brinquedos e presentes; vou observando os esforços para ver quem ergue a maior árvore de natal do mundo, ou que apresenta o boneco do papai Noel mais original da cidade, ou qual o shopping center que apresenta as maiores atrações natalinas. Tudo isto acompanhado obsessivamente pelas expressões que vão agredindo nossos tímpanos, ensurdecendo nossos ouvidos e, com tantas feéricas luzes, atrapalhando nossa visão, tendo, até, com pano de fundo, aquelas maravilhosas melodias compostas especialmente para a celebração de um misterioso nascimento: 'magia do natal', 'espírito do natal', 'Papai Noel', etc.. Mentalmente vou comparando tudo isto com o que aconteceu em outros natais e, com tristeza ou preocupação - não sei dizer - vou concluindo como uma sociedade consumista vai-se distanciando sempre mais da originalidade dos acontecimentos; pior, como o consumismo, a ganância, a sede insaciável do ter e do prazer vão alimentando e reforçando uma mentalidade cada vez mais distante do mistério central que nada tem de mágico, mas que tem tudo a ver com uma realidade inexplicável, mas com profundas repercussões na história e na vida de cada ser humano. Quem pensa natal como um nascimento sem bebê, imbuído desta mentalidade, simplesmente comemora o natal, isto é, faz dele uma mais ou menos apagada memória, dele tem uma esmaecida lembrança. A citação acima tem tudo a ver com esta sociedade figurada como um 'deserto', um 'lugar de desolação' em relação à explosão de Vida que deve acontecer no Natal.
À espera do nascimento de um Cristo-bebê, enviado pelo Pai, Palavra e Filho de Deus. É neste 'deserto', neste 'lugar de solidão desoladora' que o Senhor quis desde sempre e continua querendo 'achar o seu povo' e 'cercá-lo de cuidados e carinhos', enviando, para esta tarefa e missão o seu próprio Filho. Muito oportunamente o papa Bento XVI inicia o Advento perguntando à Igreja e cada cristão se é possível viver o Natal num 'clima' de distanciamento cada vez mais acentuado do projeto de salvação anunciado e vivido por Jesus. Novamente: este clima é o clima de uma 'solidão desoladora', de uma cultura vazia de sentido em relação ao projeto do Pai; é ali que estamos sendo alcançados pelo Senhor que, como nos tempos do Deuteronômio, anda em busca do seu povo, ansioso por 'cercá-lo de cuidados e carinhos'. Então, cabe aqui a pergunta ou perguntas: como você se está preparando para deixar-se encontrar pelo Senhor através de seu Filho feito carne? Aliás, você consegue visualizar este cenário de 'deserto', de 'solidão desoladora' e, portanto, também você e sua comunidade conseguem descobrir no Natal que o Senhor quer guardá-los como a 'pupila dos seus olhos'? E que ou quem são as pupilas dos olhos do Pai? Deixe-me ajudá-lo a dar a resposta: Jesus, você e toda a humanidade resgatada da 'solidão desoladora'.
 
              
Um tempo de celebração.
               Advento - iniciado no domingo último - e Natal, tempos de imersão profunda no mistério insondável do amor que manifesta a ternura do coração de um Pai misericordioso. Advento, expectativa, esperança de um novo nascimento. Tempo de celebração. Nossa fé nos diz que Cristo continua vivo no meio de nós e em cada um de nós. Entretanto, o Advento que prepara este novo nascimento e o Natal que o vivencia, trazem-nos à realidade de uma renovada presença. Por isso, esta noite é feliz; esta noite é intensamente iluminada; esta é a noite na qual, como num deserto e num lugar de solidão, o Senhor 'acha o seu povo e o 'cerca de cuidados e carinho' e, sobretudo, 'guarda-o como a 'pupila de seus olhos'. A pupila é, sem dúvida, a parte mais sensível e delicada da nossa visão. Por isso, tudo fazemos para dela cuidarmos e é com carinho que o fazemos. É a linda e perfeita imagem do carinho de Deus para com a humanidade, concretizado na presença do seu Filho amado, o Cristo Jesus. Advento e Natal, para aqueles que buscam vivê-los na intensidade da fé, são momentos privilegiados de encontro, de participação, de vivência encarnada, saboreada na interioridade do mistério. Quem assim entende este tempo, celebra o Natal e não, simplesmente, o comemora. Porque busca encarnar em si mesmo e na comunidade a Palavra de Deus. Natal, portanto, não é magia como querem impingir os meios de comunicação. Natal é encarnação. Natal é compromisso. De Deus conosco. Nosso com Deus e com o mundo.

               Esperança e votos.
               É na dimensão da vivência do mistério do Filho de Deus encarnado que nos é lícito acender e alimentar a nossa esperança de que o Senhor nos vai encontrar neste deserto e nesta solidão de uma sociedade, de uma cultura que dEle já está tão distanciada e, com certeza vai-nos cercar de todo o cuidado e carinho. Viveremos, assim, novos tempos e novas dimensões do amor concretizado em tempos de não-violência, em tempos de solidariedade, em tempos de perdão entre as pessoas e entre todos os povos da terra. Em suma, em tempos de fraternidade e de justiça. Pois, 'nasceu para nós um menino, um filho nos foi dado. O poder de governar está nos seus ombros. Seu nome será Maravilhoso Conselheiro, Deus forte, Pai para sempre, Príncipe da Paz' (Is 9,6). E quando toda a humanidade, a começar por nós mesmos, abrir seus braços e seu coração para O receber, então continuará a se realizar, em plenitude, a visão de Isaias, já uma vez acontecida na história: 'O povo que andava na escuridão viu uma grande luz, para os que habitavam as sombras da morte uma luz resplandeceu' (Is 9,1).
               Neste espírito e na autêntica dimensão do mistério da Encarnação, é que, em meu nome e em nome do Grupo Executivo Nacional por cuja delegação escrevo estas cartas mensais, desejo a todos os meus queridos e fieis  leitores e leitoras um fecundo Advento e um Santo e felicíssimo NATAL de 2010!

PE. José Gilberto Beraldo
Grupo Sacerdotal do MCC


O QUE ACONTECE NO NATAL?

Dom Murilo S.R. Krieger, SCJ

               O que acontece no Natal? Para nos ajudar a responder a essa pergunta, o evangelista Lucas nos coloca no coração dos acontecimentos (Lc 2, 1-20). Ele nos convida a contemplar o Presépio. A descrição que faz do que aconteceu na gruta de Belém nos deixa surpresos, pois Jesus não é descrito diretamente. Fôssemos nós a narrar o nascimento de uma criança, falaríamos de seu rosto e de seu choro, de seu tamanho e peso. Lucas nada nos diz a esse respeito. Não elogia Jesus nem se preocupa em nos dizer como ele era.
               Na primeira parte do seu relato, parece querer destacar José e Maria, que se submetem a um homem poderoso – César Augusto. Esse imperador espalha o medo pela região: Como não obedecer a ele, que queria um recenseamento completo da população, para que ninguém deixasse de pagar impostos? O imperador demonstra seu poder movimentando as pessoas, mesmo que se trate de mulheres, como Maria, que estejam grávidas e para as quais qualquer viagem é um grande incômodo.
               A segunda parte da descrição é em torno dos pastores. Para que entendessem que a mensagem que ouviam era marcada pela alegria, foi preciso que os anjos os acalmassem: “Não tenhais medo!”
               Mesmo que Lucas não entre em pormenores sobre Jesus, no centro não só da cena que descreveu, mas em todo o seu Evangelho, é o Filho de Deus que se destaca. Jesus é o centro do Natal. Tudo se movimenta em seu redor, isto é, ao redor de uma criança que, como todas, é  frágil e indefesa. Ele está no centro da vida de Maria e José; no centro da vida dos pastores. Mais: No centro da Historia! Tudo gira em torno dele; tudo foi feito por ele e para ele.
               Gosto de observar presépios, não importa de que maneira são feitos, nem por quem. Vejo que, em todos eles as personagens estão ali em função de Jesus. Todas estão voltadas para ele ou têm sentido em vista dele. José o protege. Maria é aquela que o enfaixa e coloca na manjedoura. Os pastores, para visitá-lo, deixam seu rebanho. Jesus nada diz, nada ordena e, no entanto, todos são tocados por ele.
               A partir do seu nascimento em Belém, Jesus passa a estar no centro da vida de homens e mulheres, de jovens e crianças de todos os tempos – também dos que não o aceitam. Ele veio trazer a salvação e a paz para todos, mas não obriga ninguém a aceitá-las. No Natal, o Pai dá o maior de todos os presentes à humanidade. Contudo, não nos dá seu Filho porque somos santos, mas porque somos necessitados e precisamos de um Redentor. Sem ele – Caminho, Verdade e Vida – pereceríamos. Sozinhos, não conseguiríamos trilhar o caminho do amor.
              Comecei perguntando o que acontece no Natal? Com a ajuda do evangelista Lucas, descobrimos que no Natal Deus abre imensos horizontes diante de nós, pois nos tira do caminho da morte e nos introduz no caminho da vida O apóstolo Paulo nos dirá que no Natal, “a graça salvadora de Deus manifestou-se a toda a humanidade”, pois Cristo “se entregou por nós, para nos resgatar de toda iniqüidade e purificar para si um povo que lhe pertença e que seja zeloso em praticar o bem” (Tt 2, 11.14). Purificar para si um povo que lhe pertença! Somos chamados a pertencer a este povo que tem como centro Jesus. Um povo que se dedica a praticar o bem!

               O que acontece no Natal? Acontece simplesmente isto: “Nasceu para nós um Menino” (Is 9, 5). Jesus está no meio de nós!