segunda-feira, 17 de maio de 2010

DECOLORES

Boletim Informativo do
Movimento de Cursilhos de Cristandade
Arquidiocese de São Salvador - Bahia
Maio/2010

Editorial

                Queridos irmãos decolores,
                           Estamos vivendo o mês mais feminino de todos os meses: Mês de maio, mês das noivas, mês das mães, mês de Maria!
                       Tentemos caminhar pelos passos de Maria, acolhendo os caracteres femininos, para desempenhar mais e melhor nossa missão.
                       Assumindo a Palavra de Deus como a bússola para nortear nossa caminhada, como Maria fez à hora da Anunciação.
                          Assumindo a generosidade para servir como Maria fez quando foi visitar Isabel, a hora da visitação.
                       Assumindo a sensibilidade, fazendo com que nosso olhar tome uma dimensão periférica, observando a necessidade dos irmãos carentes, como ela fez nas Bodas de Canã.
                          Assumindo a maternidade messiânica como Maria fez no Calvário, ao pé da cruz, à hora de sua dor maior.
                       Assumindo a missão de discípulos missionários, orando com os irmãos e encorajando-os a se posicionar diante dos desafios de nosso mundo, como ela fez no Cenáculo.
                       Assumindo a solidariedade, tornando-nos presença de Jesus em todos os ambientes, como Maria fez nos momentos de alegria ou sofrimento.

                       Peçamos a Maria, nossa Mãe e Mestra, que nos ajude a caminhar pelos seus passos, assumindo seu Filho Jesus em todos os instantes de nosso viver e assumindo a maternidade como uma missão sagrada no coração da humanidade.

Feliz Dia das Mães!
                                                                                                                                                              Lygia Fialho
                                                                                                                                                             GED Salvador



Palavra do amigo
PE Paiva SJ
                        “Me dá” vontade de cantar, quando me lembro de minha mãe, ajoelhada diante do fogão a carvão, soprando e abanando, para fazer pegar o fogo e preparar – sem atrasos – nossa comidinha gostosa de cada dia. Ou da minha tia Margarida, já envelhecida e cansada, fazendo crochê para agasalhar os pobres da paróquia.
                     “Me dá” vontade de cantar quando me lembro das mulheres heroínas de nossa terra, como Ana Neri, enfermeira valente. ou Joana Angélica, deixando seu frágil corpo ser espetado pelas baionetas dos soldados, a fim de defender a Casa de Deus.
                       “Me dá” vontade de cantar, quando me lembro das mulheres do sertão, das matas alagadas (igapós) do Marajó andando ou remando nos “casquinhos”,  para vir à missa com bebês no colo e filhos “puxando a saia” atrás. Ou de mulheres que lutam como diaristas, cientistas, professores (Ah! minha professora, dona Giselda), para levar este povo para frente.
                       “Me dá” vontade de cantar Zilda Arns e seu exército de voluntárias, cobrindo com asas de anjos o crescimento de “anjinhos” por este Brasil afora (quatro mil municípios!) e em outros lugares deste “vasto mundo, minha paróquia” (Yves Congar, OP).
                                “Me dá” vontade de canta para Nossa Senhora, Mãe de Jesus e Mãe nossa também.
                                   “Mulher peregrina, força feminina, a mais importante que existiu. Com justiça queres       que nossas mulheres, sejam construtoras do Brasil”.


Notícias decolores
                          A Assembléia Diocesana será realizada no dia 05 de junho de 2010 na Igreja dos Aflitos, no horário das 08h00 às 17h00 e será encerrada com uma Celebração Eucarística. Haverá inscrição com uma taxa de R$ 10,00 por pessoa e nesse valor está incluído o almoço e o material que será utilizado por nós durante a realização da Assembléia. O lanche será partilhado e já estamos definindo os itens e o que cada um pode partilhar. Contamos com a presença de todos os cursilhistas para que com a participação de todos, possamos contribuir para um MCC vivo, presente e atuante na nossa Arquidiocese.

Venha contribuir, pois a sua participação é muito importante!


CARTA DO ASSESSOR ECLESIÁSTICO NACIONAL DO MCC- MAIO/2010
PE José Gilberto Beraldo

Também o Espírito vem em socorro de nossa fraqueza. Pois nós não sabemos o que pedir nem como pedir;é o próprio Espírito que intercede em nosso favor com gemidos inefáveis. E aquele que penetra o íntimo dos corações sabe qual é a intenção do Espírito. Pois é sempre segundo Deus que o Espírito intercede em favor dos santos” (Rm 8, 26-27).

Meus amados irmãos e irmãs,

Neste mês de Maio, importantes comemorações acontecem na Igreja. Todas elas falam muito de perto à nossa vivência de seguidores de Jesus e membros do Povo de Deus. Entretanto, proponho que reflitamos na presente carta sobre o acontecimento fundante da Igreja, o acontecimento-Pentecostes, o acontecimento-nova efusão do Espírito Santo nos atuais “dias de Igreja”. Num momento de graves acusações contra a nossa Igreja Católica, contra o Papa Bento XVI, contra todos os sacerdotes indiscriminadamente; num momento de fuga de muitos que se diziam fiéis seguidores do Mestre, fuga motivada pelos escândalos ocasionados por tantos ministros indignos de sua missão e criminosos por suas ações, penso que devemos aprofundar o mistério de Pentecostes e, sobretudo, deixar-nos invadir pelo Espírito de Deus, por sua força, por sua sabedoria, enfim, pelos seus sete dons. Outra razão, não menos importante, é a preocupação ou, melhor, a grande esperança manifestada pelo nosso precioso Documento de Aparecida (DA) num “Novo Pentecostes” ali citado seis vezes em distintos contextos. Preparemo-nos, pois, com muito fervor para nos deixar iluminar, aquecer, fortalecer e deixar arder o nosso coração na próxima celebração de um “novo Pentecostes”.  
1. Um “novo Pentecostes” na mentalidade. Trata-se da conversão pessoal, isto é, de assumir no chão da vida, o modo de pensar de Jesus, a vida testemunhal de Jesus, o amor incondicional de Jesus até a morte de cruz. Mudar de mentalidade é “deixar arder o coração” como os discípulos de Emaús (Lc 24,32); é converter-se das vielas tortuosas e dos becos sem saída que se costuma percorrer; é converter-se das mentiras e ilusões que povoam os pensamentos; é converter-se da morte e da escuridão que nos cercam para o verdadeiro “Caminho, Verdade e Vida” (Jo 14,6). É urgente suplicar ao Espírito Santo, até com lágrimas, que transforme uma mentalidade de simples admiradores de um “ídolo” para seguidores incondicionais de um Mestre; de alunos talvez fascinados por um guru para discípulos apaixonados de Jesus; de meros expectadores passivos no seio de uma comunidade para missionários ativos e dinâmicos de uma Igreja viva e toda ela missionária também. A não ser assim, seguem alimentados pelo “fermento dos fariseus”; apáticos diante dos desafios de uma cultura de morte; conformados com o “homem velho” (cf. Ef 4,22-24) e, até, cooptados com as injustiças, o desamor, o ódio, a discriminação, etc. “O Espírito na Igreja forja missionários decididos e valentes como Pedro (cf. At 4,13) e Paulo (cf. At 13,9), indica os lugares que devem ser evangelizados e escolhe aqueles que devem fazê-lo (cf. At 13,2)” (DA 150).Todos necessitamos, para mudar nossa mentalidade, de um poderoso “choque de novo Pentecostes”!
2. Um “novo Pentecostes” na Comunidade eclesial. Devido às dolorosas circunstâncias de sofrimento e provação pelas quais está passando nossa Santa Igreja Católica em todo o mundo, neste ano, mais do que em outras épocas, a Comunidade eclesial necessita da presença viva, da força, do discernimento e da ação transformadora do Espírito Santo. Pelo volume e intensidade destas provações, bem como pelos desafios apresentados pelo processo de globalização e de mudança de cultura, parece avolumar-se a sensação que a todos nos invade de voltarmos a ser aquele “pequeno rebanho” do qual fala Jesus aos apóstolos mas aos quais afirmava, ao mesmo tempo, que “foi do agrado do vosso Pai dar a vós o Reino” (Lc 12,32). E o DA nos lembra este “novo Pentecostes” na Comunidade eclesial: “O Espírito Santo que atua em Jesus Cristo é também enviado a todos enquanto membros da comunidade, porque sua ação não se limita ao âmbito individual. A tarefa missionária se abre sempre às comunidades, assim como ocorreu no Pentecostes (cf. At 2,1-13).(DA 171). E, muito oportunamente, lembra-nos a pessoa de Maria iluminada pelo Espírito Santo: “Maria é a grande missionária, continuadora da missão de seu Filho e formadora de missionários. Ela, da mesma forma como deu à luz o Salvador do mundo, trouxe o Evangelho a nossa América. No acontecimento em Guadalupe, presidiu, junto com o humilde João Diego, o Pentecostes que nos abriu aos dons do Espírito” (DA 171).
3. Um “novo Pentecostes” nos Movimentos eclesiais. Bastam duas lembranças do DAp para concluirmos sobre a urgência de um “novo Pentecostes” nos Movimentos eclesiais. Aqui permitam-me fazer uma referência explícita ao Movimento de Cursilhos de Cristandade ao qual é sempre especialmente dirigida esta carta mensal: a) “A Igreja necessita de uma forte comoção que a impeça de se instalar na comodidade, no estancamento e na indiferença, à margem do sofrimento dos pobres do Continente Necessitamos que cada comunidade cristã se transforme num poderoso centro de irradiação da vida em Cristo. Esperamos um novo Pentecostes que nos livre do cansaço, da desilusão, da acomodação ao ambiente; esperamos uma vinda do Espírito que renove nossa alegria e nossa esperança. Por isso, é imperioso assegurar calorosos espaços de oração comunitária que alimentem o fogo de um ardor incontido e tornem possível um atrativo testemunho de unidade “para que o mundo creia” (Jo 17,21) (DA. 362); b) “Seria conveniente incentivar a alguns movimentos e associações que mostram hoje certo cansaço ou fraqueza e convidá-los a renovar seu carisma original, que não deixa de enriquecer a diversidade com que o Espírito se manifesta e atua no povo cristão” (DA 311).
4. Um “novo Pentecostes” na ação missionária da Igreja-Povo de Deus.  Nenhuma palavra mais eloqüente, nenhuma expressão mais urgente, nenhum apelo mais oportuno sobre a necessidade de um “novo Pentecostes” do que este que conclui o DA. Se foi assim no ano da V Conferência, em 2007, hoje é, para dizer o menos, “dramático”! Já com sabor e calor de Pentecostes, com ele encerro esta carta:“Esta V Conferência, recordando o mandato de ir e fazer discípulos (cf. Mt 28,20), deseja despertar a Igreja na América Latina e no Caribe para um grande impulso missionário. Não podemos deixar de aproveitar esta hora de graça. Necessitamos de um novo Pentecostes!  Necessitamos sair ao encontro das pessoas, das famílias, das comunidades e dos povos para lhes comunicar e compartilhar o dom do encontro com Cristo, que tem preenchido nossas vidas de “sentido”, de verdade e de amor, de alegria e de esperança!  Não podemos ficar tranquilos em espera passiva em nossos templos, mas é imperativo ir em todas as direções para proclamar que o mal e a morte não tem a última palavra, que o amor é mais forte, que fomos libertos e salvos pela vitória pascal do Senhor da história, que Ele nos convoca na Igreja, e quer multiplicar o número de seus discípulos na construção de seu Reino em nosso Continente! Somos testemunhas e missionários: nas grandes cidades e nos campos, nas montanhas e florestas de nossa América, em todos os ambientes da convivência social, nos mais diversos “lugares” da vida pública das nações, nas situações extremas da existência, assumindo ad gentes nossa solicitude pela missão universal da Igreja” (DA 548).

                                  A todos deixo um caloroso apelo fraterno: que durante a preparação e no dia de Pentecostes deste ano, vamos insistir junto ao Espírito Santo que, como outrora a Maria e aos apóstolos, “envie línguas de fogo” inundando a cada um de nós, discípulos missionários e a toda Igreja os seus sete dons: sabedoria, inteligência, conselho, ciência, fortaleza, piedade e temor de Deus.
                           Para as mães que lerem estas linhas, desejo um feliz “Dia das Mães” (segundo domingo de maio) e a todos que, no dia de Pentecostes, possamos ouvir que “vem do céu um “ruído como que de um vento forte” para impelir-nos à missão evangelizadora.
PE José Gilberto Beraldo