quarta-feira, 22 de julho de 2009

Edição Junho 2009

DECOLORES

Boletim Informativo do

Movimento de Cursilhos de Cristandade

Arquidiocese de São Salvador - Bahia

EDITORIAL

Caros Irmãos e Irmãs:

Chegamos ao mês de Junho em que, tradicionalmente, são comemorados, na piedade popular: Santo Antônio, S. João Batista, S. Pedro e S. Paulo.

Cada um deles tem sua festa marcada por especiais peculiaridades.

De todos, o menos “badalado” nas celebrações festivas do povo de Deus, é S. Paulo, embora unanimemente, todos reconheçam nele um dos pilares da Igreja, responsável maior pela expansão da fé cristã até “os confins da terra”. S. Paulo é uma das figuras mais importantes do Novo Testamento. Fez-se nosso conhecido através do livro dos Atos dos Apóstolos, que foi escrito por S. Lucas e, também, das Cartas que escreveu a comunidades cristãs que ele fundou e ajudou a perseverar na fé. São duas fontes independentes que se confirmam e se completam, não obstante algumas divergências em alguns pormenores.

Por sua vez, o sincronismo de alguns acontecimentos conhecidos através da história, permitem precisar certas datas e estabelecer uma confiável cronologia da vida do Apóstolo.

Por iniciativa do Papa Bento XVI, nossa Igreja está vivenciando o Ano Paulino, que vai ser encerrado no próximo dia vinte nove deste mês.

Como se trata do patrono do MCC, nós temos a maior satisfação de procurar realçar essa figura exponencial que é um exemplo para toda a Igreja e, em particular, para o nosso Movimento. Por isso mesmo, convidamos para abrilhantar nossa Ultreya de hoje, nosso irmão Dr. Elias Darzé, médico renomado, professor da tradicional Escola de Medicina da Universidade Federal da Bahia, cristão consciente e de ativa participação na Paróquia de Sant’Ana, e um dos maiores estudiosos e conhecedores da vida e obra de S. Paulo.

Mirar-se em S. Paulo é um permanente desafio para o nosso MCC e para cada um de nós.

O mundo de hoje está por demais carente de esperança, coerência e competência, e nisso, sem dúvida, ele é um excelente exemplo e testemunho.

Vamos, pois, com muito entusiasmo e alegria, homenagear e celebrar nosso incomparável Patrono, neste dia de fraterna partilha em nossa Assembléia Mensal.

Saudações Decolores

GED SALVADOR

Equipe de apoio e de comunicação

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CARTA DO ASSESSOR ECLESIASTICO NACIONAL DO MCC – JUNHO/2009

Pe. José Gilberto Beraldo

“Eu vivo, mas não eu: é Cristo que vive em mim. Minha vida atual na carne, eu a vivo na fé, crendo no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gl 2,20).

Diversas celebrações mereceriam nossa atenção e reflexão neste mês de junho: a Santíssima Trindade; o Corpus Christi (o Corpo e Sangue de Cristo); o Sagrado Coração de Jesus e os Santos Pedro e Paulo com o encerramento do Ano Paulino. Entretanto, devido a esse acontecimento, revela-se esse momento extremamente oportuno para algumas reflexões sobre São Paulo Apóstolo. Tenho certeza que todos os que me lêem muito já terão ouvido e meditado no corrente ano sobre esse personagem, essencial eu diria, na missão evangelizadora da Igreja de Cristo. Quanto àquelas outras celebrações, deixo-as entregues à consideração pessoal dos meus leitores e leitoras, dedicando esta carta ao encerramento do Ano Paulino. Para isso, como de costume, proponho-lhes alguns poucos pontos, bastante sintéticos, dada a riquíssima personalidade do Apóstolo, mas que possam auxiliar numa reflexão que, ao tentar conhecer melhor sua personalidade, ajude a levar à prática exortações de São Paulo.

1. Paulo, o convertido que continua seu processo de conversão. É impossível escrever ou mesmo pensar sobre São Paulo sem considerar o tema e o significado de “conversão”. Além de Lucas, nos Atos dos Apóstolos, o próprio Paulo nos fala de sua conversão em Gálatas 1, 11-17, mas, de maneira especial em Filipenses 3,4-17. Confesso ter-me emocionado ao ler esta confissão do Apóstolo aos Filipenses, quer pela maneira como ele viveu o momento de sua conversão quer pelo modo como continua vivendo um contínuo processo para “tornar-se semelhante a ele na sua morte, para ver se chego até a Ressurreição dos mortos” (Fl10b-11). Primeiro lembra suas origens no judaísmo e sua condição de fariseu, isto é, de fanático observante da Lei, da Torá, fato que o tornava importante e o fazia sobressair sobre os demais conterrâneos. Com tudo isso, não tem receio de dizer que “essas coisas que eram ganho para mim, considerei-as prejuízo por causa de Cristo” (Fl 3,7). E não para por ai a comovente confissão paulina. Depois de afirmar que “tudo é prejuízo diante supremo bem que é o conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor”, arremata com um a expressão radical: “Por causa dele, perdi tudo e considero tudo como lixo, a fim de ganhar Cristo e ser encontrado unido a Ele...”. Seguindo sua confissão, Paulo se refere ao processo de crescimento em sua conversão, dizendo que ainda não “não se tornou perfeito” e continua: “Uma coisa, porém, faço: esquecendo o que fica para trás, lanço-me para o que está à frente. Lanço-me em direção à meta, para conquistar o premio que, do alto, Deus me chama a receber no Cristo Jesus” (Fl 3,13b-14). A Paulo, o fariseu fanático e perseguidor dos “adeptos do Caminho” (At 9,2) não bastou mudar de mentalidade, isto é, de perseguidor a apóstolo, pois continuou a alimentar uma mentalidade de mudança, de crescimento, de busca da perfeição. E você, meu irmão, minha irmã, estaria entre aqueles que, depois de algum impacto com um encontro com Cristo – por exemplo, num cursilho ou em qualquer outra ocasião - usam aquela expressão tão comum e tão “definitiva”: “depois que eu me converti...” esquecendo-se que a conversão é um processo, uma caminhada, uma busca contínua da face de Jesus? Por acaso, você está ancorado naquele primeiro momento de conversão, isto é, de uma mudança de mentalidade e ainda não percebeu que a conversão exige uma mentalidade de mudança? Ouça, mais uma vez e neste mesmo capítulo, a palavra de São Paulo quando fala de seus esforços para chegar ao conhecimento de Cristo:

“É assim que nós, os ‘perfeitos’, devemos pensar... No entanto, qualquer que seja o ponto a que tenhamos chegado, continuemos na mesa direção” (Fl 3,15a-16).

2. Paulo, o discípulo missionário. Desde o primeiro instante de seu envolvimento por “uma luz que vinha do céu”(cf.At 9,3), Saulo, isto é Paulo, “passou alguns dias com os discípulos que havia em Damasco, e logo começou a pregar nas sinagogas afirmando que Jesus é o Filho de Deus” (cf. At 9,19b-20). Paulo, discípulo missionário! Simplesmente assim, discípulo missionário sem o hífen! De fato, não se pode separar o discípulo do missionário nem o missionário do discípulo. Jesus, no mesmo instante que chama os Doze, prepara-os para enviá-los: “Ele constituiu então Doze, para que ficassem com ele e para que os enviasse a anunciar a Boa Nova” (Mc 3,14). E, a esses Doze, não lhes impôs nenhuma condição para segui-lo, a não ser a de renunciarem tudo e tomarem a sua cruz de cada dia. Não exigiu deles nenhum curso de Teologia ou de filosofia ou de Direito Canônico nem qualquer tipo de diploma para serem discípulos. Mas, simplesmente, os fez discípulos missionários. Nos dias de hoje temos a providencial possibilidade de atualizar e aprofundar uma consciência mais efetiva da nossa vocação cristã através do Documento de Aparecida. Como São Paulo, os cristãos católicos do século vinte e um, do ano de 2009, na América Latina e no Caribe, somos todos chamados, vocacionados: “Na Igreja todos somos chamados a ser discípulos e missionários. É necessário formar-nos e formar todo o povo de Deus para cumprir com responsabilidade e audácia essa tarefa” (Mensagem da V Conferência do Episcopado Latino americano e Caribenho). Escrevendo a Timóteo, seu discípulo predileto, São Paulo lembra que “Deus nos salvou e nos chamou com uma vocação santa, não em atenção às nossas obras, mas por causa do seu plano salvífico e da sua graça, que nos foi dada no Cristo Jesus antes de todos os tempos” (2Tm 3,9). Ainda mais, como São Paulo, o cristão vive com alegria sua vocação de discípulo. Vive a alegria de “estar em Cristo”: “No mais, meus irmãos, alegrai-vos no Senhor” (Fl 3,1). E, em seguida, acrescenta: “Alegrai-vos sempre no Senhor! Repito, alegrai-vos! Seja a vossa amabilidade conhecida de todos!” (Fl 4,4-5). Pois bem, o Documento de Aparecida insiste na alegria de ser discípulo missionário: “Neste encontro com Cristo queremos expressar a alegria de sermos discípulos do Senhor e de termos sido enviados com tesouro do Evangelho” (DA 28). E complementa: “A alegria do discípulo não é um sentimento de bem-estar egoísta, mas uma certeza que brota fada fé, que serena o coração e capacita para na anunciar a boa novas do amor de Deus. Conhecer Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas e fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria” (DA 29).

3. Paulo, um homem “grávido” de Jesus Cristo. Não encontro outra expressão mais adequada para algumas afirmações do Apóstolo ao enfatizar sua identificação com a pessoa de Jesus Cristo. Especialmente uma delas deve provocar nossa reflexão: “Meus filhos, por vós sinto, de novo, as dores do parto, até que Cristo seja formado em vós” (Gl 4,19). O parto faz parte de um processo deslumbrante da vida humana, melhor dito, é um processo constituído pela mistura da dor com a alegria; da expectativa com a concretização de um sonho; da tênue sombra ou obscuridade da gravidez com a luz radiante do nascimento de um novo ser humano. Foi a figura mas humana encontrada por Paulo para nos transmitir a maneira com que nos vamos identificando com Cristo ou vamos “tomando a forma de Cristo”. “Até que Cristo se forme em nós” faz-se longo o processo: muitas são as dores da renúncia, dos sacrifícios, das cruzes diárias, mas sempre e sempre alimentados pela alegria do encontro com Ele; ansiosa é a expectativa de se nossos sonhos são sonhos de perfeição e de divinização; tênues serão sempre as sombras da “noite escura” de São João da Cruz, pois o nascimento de Jesus e sua formação em nós já surgem como aurora de uma nova vida.

Meu caro irmão, minha irmã: de acordo com a progressão do crescimento de Cristo na sua vida, você pode, agora, olhando para o Cristo crucificado e para São Paulo, do mesmo modo crucificado com Ele: até que ponto você permite que Cristo cresça no “ventre” de sua vida? Assim como acontece com a mulher grávida, “que renúncias você tem que fazer para que Cristo siga tomando forma em você? Você alimenta suficientemente a paciência no sofrimento, nas dores de cada dia, na cruz que, um dia, você decidiu tomar sobre os ombros para ser discípulo de Jesus, para com Ele ser uma nova criatura: “Se alguém está em Cristo é uma nova criatura” (2Co 5,17)? Pois bem: leia, medite, reflita e dê sua resposta às interpelações dos exemplos de São Paulo! Com todo meu afeto e amizade, um abraço fraterno a todos, solicitando sua oração.

Pe. Beraldo

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No dia 11 celebramos a solenidade de Corpus Christi. Vamos meditar o texto que nos é apresentado por Dom Murilo S. R. Krieger.

CORPUS CHRISTI: É O CRISTO QUE PASSA

Quando estava próximo o dia dos pães sem fermento, tradicional festa judaica em que se imolava o cordeiro pascal, Jesus disse a Pedro e a João: “ide e preparai-nos a ceia da Páscoa”. Desejando dados mais concretos sobre essa celebração, eles lhe perguntaram onde ela deveria acontecer. Em resposta, Jesus mandou-os entrar na cidade, assegurando que lá outras pessoas lhes dariam informações mais precisas.

Na solenidade de Corpus Christi (que significa: Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo), quem entra em nossa cidade é Jesus, numa celebração marcada pela fé. Mais do que entrar na cidade como tal, ele quer, na realidade, entrar em nossas casas, participar da vida de nossas famílias e ter um lugar especial em nossos corações. Em cada uma de nossas cidades, Jesus quer comer a ceia pascal com seus discípulos – e nós somos esses seus discípulos.

Comer a ceia da Páscoa é fazer uma experiência de fraternidade. Nossa cidade dever ser um lugar de solidariedade e de partilha. Onde está presente o amor de Cristo, não há lugar para o ódio, para a injustiça e para a opressão. Entrando em nossa família, Jesus nos ensina que não há comunhão sem perdão; sem perdão não há aliança. Jesus vem, pois, ensinar-nos a perdoar: perdoar o esposo, a esposa e o filho; o vizinho, o companheiro de trabalho e o colega de escola. Entrando em nossos corações, o Senhor vem propor-nos uma aliança.

Ele se oferece, oferece sua amizade, seus dons, seus sacramentos e sua Igreja. E o que nos pede? Pede-nos fidelidade ao batismo, coerência de vida, entusiasmo por sua pessoa e dinamismo missionário, porque muitos ainda não o reconhecem como Senhor e Redentor.

Corpus Christi é, pois, a celebração da presença de Jesus Cristo em sua Igreja, no sacramento da Eucaristia, sob as aparências do pão e do vinho. Além de se oferecer ao Pai pela humanidade, ele se oferece a todos como alimento de vida, garantindo-nos que “quem comer deste pão viverá eternamente; o pão que eu hei de dar, é a minha carne para a salvação do mundo.”

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